sexta-feira, 19 de março de 2010

O FIM

O FIM - Parte 1: Aquele parecia ser um ótimo ano. O pão era farto e os jogos foram, enfim, abolidos. Era um verão quente e uma boa brisa suave tornava os dias e as noites extremamente agradáveis. Mas o inverno antecipou-se e, inclemente, açoitou a carne dos que ali viviam e congelou os campos. O pão acabou. A vontade esvaiu-se.

Parte 2: Os jogos voltaram, já que o povo precisava de calor e vida, ainda que isso significa-se o sangue escorrendo escorrendo na lama fria e suja. Decidiu-se que, agora, e pelo bem de todos, só se sairia da arena de duas maneiras: vencendo, e portanto merecedor de uma morte rápida; e perdendo, portando ...sangran...do lentamente sobre a sujeira fétida até que o coração congele e a morte lhe conforte.

Parte 3: Nas arquibancadas, não se ouvia mais o som de fanfarras e torcidas. Apenas o peso do constrangedor e conformado silêncio sadomasoquista. Pois todos ali sabiam que chegaria a sua vez de adentrar a arena, onde tudo acabará inexoravelmente em dor, sangue e barro.

Parte 4 - No fim, em meio à lama que o inverno sem fim esdureceu, as caveiras que ainda estavam na superfíe sorriam umas para as outras e para as estrelas indiferentes. Então as paredes da arena desabaram. Tudo ficou escuro e o silêncio não era mais constrangedor, mas apenas silêncio.

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